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Aprendizes de feiticeiro e mago.

29/10/2014 11:38

Aprendizes de feiticeiro e mago.

Fábio Oliveira Santos

“Momento de prova é sempre um momento tenso”, disse-me um aprendiz. Naquela oportunidade concordei com ele, mas, pensei mais um pouco e percebi que não é bem assim. E se for, e se estiver enganado, ainda assim é possível dizer que avaliação é difícil ou não a partir do que acreditamos. Pois, se acharmos que é fácil iremos estudar para que realmente seja fácil, ao contrário, é realmente tenso. Mesmo assim, ainda tenho dúvidas. Às vezes acho que os alunos não são alunos, são mágicos, pois conseguem fazer o impensável e o pensável em questão de segundos. Mágica!

            Não sei se devo ajudá-los. Deixa para lá! Vou sim! Pois bem, vou ajudá-los, pelo menos de maneira psicológica, é uma prova fácil! Só basta ler os livros e autores que solicitei como Dante Alighieri, Ovídio, Safo e outros mais. Sei que nada adianta essa ajuda, pois aspirantes a feiticeiros e magos sempre tem feitiços para utilizarem na hora da prova, fazem o tempo parar, congelam o professor, fazem gabaritos de provas aparecerem, colas sumirem e aparecerem em outro local, capas de invisibilidade, é impossível, mesmo para mim, controlar todos esses poderes. Daí saber que não gostariam da minha ajuda com algo tão simples.

            Mas, insisto! Assim, não custa lembrá-los da velha historiazinha do “Caminhão”, ou do “Emprego”, ou daquele meu professor que nos dizia: “quem não lê vai varrer chão”, precisam ler as fórmulas mágicas, se não, não tem feitiço, com exceção de alguns que já têm emprego garantido que, se assim “Ele” nos permitir, trabalharão para mim. Não é mesmo? “Tragam-me um café!” E por meio de mágica o café virá para minha mão. Já estou sonhando com isso. Afinal, um guia tem momentos de descanso, logo, por vezes abandono as profundezas do Tártaro para relaxar.

            Outro dia, num desses momentos de lazer, corrigi uma lição de magia que, quanto não foi a minha alegria, o jovem aprendiz de feiticeiro não escreveu o texto que pedi. Segundo ele, não pôde ler o texto, aquele mesmo, “Ler para escrever, escrever para ler, tudo depende da bagagem…”, daquele professor de magia de Português que comentei com vocês. O aprendiz não escreveu o texto, mas escreveu algo do tipo: “escrever ou não escrever eis a questão”. Perdi o aprendiz, mas não perdi a piada!

            Não dei a nota para o encantamento, no entanto, não deixei de notar que o aprendiz de feiticeiro não leu a magia que pedi, mas leu outra fórmula mágica, Shakespeare, “Ser ou não ser, eis a questão”. Daí minha felicidade! Mesmo assim, aquele aprendiz não foi feliz, não teve a nota do feitiço que desejava. Mas, fica aqui o meu agradecimento! Ri muito e ainda achei muito legal o que fez, pena que não foi o que solicitei. Feitiço errado, mágica errada, não se pode fazer isso. Pois, pode comprometer uma vida!

            Teve outros aprendizes, esses eram aprendizes a aspirantes de magos! Eles tinham poderes surpreendentes! Faziam aparecer pérolas preciosas quando escreviam, a caneta em suas mãos transformavam-se em varinhas mágicas. Estavam muito aquém dos meus ensinamentos sobre magia de Português. O que fazem é ouro!

 

 

 

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